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Primeira Rádio da Cidade

por Juliano F. Teles

Nos idos de 1961, o jovem Manuelito Bernardo da Silva, (radio-técnico) colocou no ar uma pequena emissora de rádio em OM (ondas média), sua potência não era muita, mas atingia as cidades circunvizinhais, atravessando fronteiras. Funcionava só à noite por falta de energia, naquela época a cidade era iluminada por um grupo gerador que fornecia luz das 18:00 às 23:00 horas.
Como era uma emissora clandestina não teve longa atividade, foi obrigado a fechar por falta de legalidade. Na época houve muito entusiasmo, as garotas cantavam e recitavam demonstrando seus talentos. Às vezes levavam o Estúdio dessa emissora próximo ao bar do Sr. Etelvino, para usar a energia do motor que ele fornecia gratuitamente.
Como o Manuelito tinha muita admiração por esse tipo de atividade, mais como diversão, logo conseguiu legalizar uma Estação de Rádio Amador, porém esta era uma entidade onde não era permitido trabalhar com serviço público, só para atendimento em caso de emergência, em serviço de utilidade pública. Foi muito útil naquela época.
Por várias vezes atendeu pessoas com grande necessidade de comunicar-se com outras pessoas distantes e solucionar os problemas. Pessoas que tinham familiares em São Paulo ou outras localidades e necessitavam de rápida comunicação, eram atendidas e ficavam satisfeitas.
No ano de 1966 eu e Manuelito fizemos uma sociedade e instalamos uma emissora FM (Freqüência Modulada) no estúdio do Cine Teatro Monte Azul. Naquele tempo fez muito sucesso, com programas variados. Criamos um programa de calouros que todos os domingos o auditório do cinema ficava lotado para assistir aos artistas da terra se apresentando. Foram muito animadas, até mesmo algumas partidas de futebol eram transmitidas pelo rádio. Muita gente ficou chateada ao saber que o prefeito mandou fechar a Rádio A Voz da Colina. Motivo? A verdade mesmo eu não fiquei sabendo. Alegou como justificativa que estávamos em regime de ditadura militar e não era permitido o funcionamento de uma Rádio sem a devida autorização. Isso nós sabíamos, e daí? Mesmo a gente assumindo os encargos, não convenceu o chefe do Executivo. Tudo bem, concordo, mas na época fiquei muito constrangido porque com aquele gesto anulou o nosso entusiasmo. Era um trabalho voluntário, sem visar lucro algum, apenas o tínhamos como distração e também o prazer de dar à população monteazulina, principalmente a juventude, um meio de comunicação e desenvolvimento cultural.
O tempo passou as coisas mudaram, os meios se transformaram, ao passo que a tecnologia avança em alta velocidade, as coisas vão se tornando mais fáceis e com essas facilidades o progresso e o desenvolvimento desviam todos os entraves que por ventura surgem diante daqueles que pretendem galgar caminhos diferentes.
Hoje temos em Monte Azul várias emissoras de FM funcionando, graças a essas mudanças, essa liberdade de expressão, tendo cada um o seu direito de ver e ouvir com liberdade tudo aquilo que um dia estava restrito.
Congratulamos com todas as emissoras que levam aos ares de Monte Azul e região aquela eufonia contagiante e deleitosa.

Pesquisado por: José Pereira da Silva – Zé Eletricista
Trechos do Livro: História Política e Social no Tempo dos Coronéis – Tremedal – Monte Azul

Postado por: Juliano Figueirôa Teles

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